que interrompemos a brincadeira para encher o saco de alguns meninos que resolveram cheirar cola na esquina de nossa querida rua. Já era tarde, realmente não era hora de criança estar na rua e sim de drogados se drogarem, mas poxa, porque na nossa esquina? Então começamos a insultar os cheiradores de cola, não lembro o que falamos para aquelas pessoas, só sei que elas começaram a andar em nossa direção, com medo entramos todos em minha casa, com tamanha correria, Rex o cachorro, avançou em Aramis, aumentando o nosso desespero e nos mostrando que na verdade o vilão não era os drogados e sim Rex, mas ninguém deu a mínima para este sinal.
Algum tempo depois de tal episódio eu me sentei na garagem de casa, sem ter muito o que fazer resolvi conversar com Rex, então disse a ele: Au! E ele respondeu: Au, Au! E eu retruquei: Au, Au, Au! Ele insistiu e disse: Au, Au! Eu achando a conversa agradável, falei: Au! E então Rex mordeu meu rosto. Lembro do desespero de todos, meu inclusive. Minha mãe me pegou pelo braço me levou ao banheiro onde lavou meu rosto com sabão, aai como ardeu! Minha irmã estava chorando desesperada achando que eu ia morrer, e algumas pessoas das mais otimistas achavam que eu ficar cega. Ao chegar no hospital lavarem meu rosto com uma porção de líquidos, e tive que tomar uma baita injeção, aliás, tive que tomar uma injeção por mês durante um ano. Consigo ver aquele corredor cinza, cumprido, onde o som fazia eco, e aquela porta aberta, onde eu entrava para mais uma tortura mensal.
Por sorte as consequências da mordida não passou de rosto engessado! Acho que sou uma das poucas pessoas que já tiveram seu rosto engessado. Ahh, claro.. depois do tirar o gesso fiquei com cinco belas cicatrizes! Mas de qualquer forma, melhor do que morrer ou ficar cega.
Meus familiares até hoje não acreditam em mim, uns falam que eu puxei o rabo do Rex, outros que eu assoprei o ouvido dele, mas na verdade eu só conversei com ele, no máximo xinguei a mãe dele, vai saber..
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